domingo, 20 de janeiro de 2019

O Baile
Com as mãos tremulas...
...mordendo os lábios...
...quase sem batom.
Um vestido de brechó.
E o frio na barriga?
Ânsia pela dança!
Sonho adolescente,
música que encanta.
Desejos de mulher,
ternura de criança.

Samarco
Dinheiro...sujeiras...descasos...
A lama?...é o pus!
O pus da ferida aberta na natureza...
Como toda ferida,um dia se rompe;
Histórias jogadas na lama.
Vidas e vidas findadas...
...pela densa...adulterada...e rejeitada...
A lama criou um caos...
A samarco criou a lama.

Faquirismo sentimental


Sonho cigano


Seus dedos a deslizar...por ásperas mãos...
Prevendo futuros incertos...decifrando poemas eternos...
Um suspiro...uma pausa...
A linha da cabeça?...embaralhada...
..a da vida cheia de nos...
..a do coração ...tantas pontas soltas...
..se puxar se desfaz.
Saias rodadas...ao batuque latino...
...e nossos destinos atrasados por mais um verão.
Lendo sobre amores bandidos e dramas inacabados...                                     ...em linhas tortas e mãos sofridas.

Poesia com gasolina

O perfume do asfalto é gasolina...
...fumaça cinza...
...mas não era neblina.
Um elo perfeito...de mãos dadas...
...sem correntes e nem mordaças...
Um tiro...um susto...
...suas mãos trêmulas....
...com força esmagaram as flores de alfazema...
Perfume que exala...pura essência...
...mas sei que preferem spray de pimenta.
Bombas...tiros...gás...
...tudo culpa do sistema!
Manifestantes e amantes...
...sem serem escravizados...
...as vezes detidos...
...e sempre abordados.

A semente do Pau-Brasil


Que sombra boa...árvore secular...

...de nossa terra quiseram tirar.
Sementes vermelhas a brilhar...
...pra você fiz um lindo colar.
Para sempre dos bons momentos se lembrar...
...e toda vez que o usar,bem juntinhos vamos estar.
O Pau-Brasil é quase um mito...antes tinha em todo lugar...
....pro índio era normal...
..pro europeu essencial...
 ...e pra nós nos dias de hoje...
..é poesia sem igual.

Debaixo de meus dedos

Sobre sua pele...
...hora quente...sempre macia...
...passeiam meus dedos,a deslizar.
Sob meus dedos...
...ásperos,deixam uma trilha de digitais...
...hora arrepia...sempre satisfaz.
Pelas pontas dos dedos...
...fogo e paixão a se desdobrar.
Como um imã...
...meus dedos...sua pele,não há como desgrudar.
Pela superfície da epiderme...
...de gosto agridoce...friccionamos...arranhamos...
...até tocar o coração.



O Maestro



Na periferia a plateia se espreme...
...para assistir mais um concerto violento.

É só mais um Beethoven estirado no chão...
...seu instrumento musical era uma UZI na mão.

Sua orquestra vinha tocando o terror...
...e a sinfonia que tocava era Estrada da dor!

Delírios de um corsário


O x no mapa marca a questão...
...a música que embala o navio,quem toca é o mar.
Inspirado pelo rum...delirava a sonhar...
...que na próxima "terra a vista"...iriamos nos encontrar.
As mensagens de amor que eu escrevia...
...em garrafas de rum vazias...iria lhe enviar.
Quem sabe no vai e vem das ondas,eu possa te presentear...
...com um tesouro valioso...que em um baú não está...
...mas escondido do lado esquerdo do meu peito...
...rufando como um tambor...sempre a te amar!

sábado, 19 de janeiro de 2019

Salomé

...uma beleza estonteante...
Erotismo...morbidez...
...lábios vermelhos carmim...
Olhos embriagantes...
...paixão dominante...
Muitos homens perderam a cabeça por ela...    ...entregues de bandeja!




Vento estilista
A ventania é ligeira...passa rápido...
...surpreende...dá um trato...
Soltou o cabelo...
...bagunçou...balançou...
...ficou muito mais bonita.

 "Copo sujo...

...de batom vermelho na mesa de um bar.Quais lábios afogaram ali seus desejos.Alguém perdeu aquele beijo."



Flores do guetto...

Flores do guetto...

...cachimbo...seringa...       
 ...esse é o brinquedo da menina.
Ambiente hostil...pior que um canil. ...abusada...explorada...             Seu ócio é nas  madrugadas...
...ali onde o ódio impera...         ...as flores murcham,mesmo antes da primavera.


O repouso do guerreiro


Por um longo caminho sozinho...
se vai...solitário...samurai...
Um homem de guerra,perdido em tempos de paz.
Se conhece bem...pelo reflexo da lâmina...Por combate...e honra.E ao tombar em gloriosa batalha(Seppuku)......caminhará por campos floridos(tingidos de sangue)......até cravar a espada,marcando o lugar...onde será enterrado,de frente ao mar."

A bailarina

Gira...girava...pós se a girar...
Seus pensamentos a orbitavam...
...seus sonhos a centrifugavam.
E nas pontas dos dedos,fazia o mundo girar sob seus pés...
...uma caixinha de música onde guarda seus brincos e anéis.
Gira...girava...e continuava a girar...
Os sentimentos rodopiavam como um tornado...
...chacoalhava o coração...deixava um rastro de destruição.
Fera indomável...misteriosa,como o agito do mar...
...lindos movimentos...uma flor com o vento a bailar.
E pós se a girar...girava...até um momento parar...
...escutava o silêncio,se assustava com os aplausos...
...e mesmo ali parada,conseguia fazer com que o mundo...
...continuasse a girar ao seu redor.”
"No berço da violência....

...nasceram muitos cadáveres...
Ninados por rajadas de balas...
...hoje vivem e morrem nas páginas amarelas dos jornais."

Retirantes

No chão outrora nosso,não podemos mais pisar.
Ali onde um dia foi berço,sempre será lar.
Terra fértil...germinante...sementes...diamantes...
Paria toda planta...e coloria toda flor...
...a fartura era tanta...sem tirar nem por.
De todo esse paraíso...sei...nada sobrou!
O homem rico...do progresso,veio e se apropriou.
Antes pobres camponeses,agora miseráveis caminhantes...
...vagando de terra em terra,sem ter nenhuma chance...
...pela estrada da vida...lá se vão...sem destino...
...os retirantes.

Um conto sobre a cidade


Cheios de energia,entediados,bem vestidos e sem nenhum lugar para ir.
Na madrugada,o pulmão da cidade expele fumaça...não vejo mais as estrelas.
Não podemos sentar nas praças sem ser chamados de vagabundos...
Não podemos nos beijar,abraçar,recitar poemas sem ser taxados de libertinos...
Não se pode mais cantar sobre os protestos sem ser presos como marginais...
Nessa cidade,um pedaço de terra suja, apropriada pelos ricos,através de uma ideia chamada "sociedade privada".
Precisamos de outra vida,essa já encheu!
Romance de barzinho


Recordo que a comida era ruim...a cerveja tava quente...naquele copo sujo...só tinha delinquentes.
Mas nos dois ali contentes...um clima bom..um sentir diferente...não queríamos ir embora...podia ser pra sempre!

The Wall


Se lembra irmão...a rotina como um vírus drena minha energia...o suor...era o rock....as lágrimas....era o rock....a raiva....era o rock...o amor...era o rock....
...tínhamos que descarregar esse rock...peregrinos ...de ...cantos remotos perambulavam pelo cemitério...era o rock...atraindo um a um aos seus sagrados degraus...que nos seduzia e embriagava de rock...que conduzem a antecâmara de puro rock...a essência do álcool destilado pelo ar....sangue...suor...era o rock...reis e rainhas pogavam por aquele castelo...sexo...drogas...mas era o rock que que nos unia,como zumbis atras de carne humana...mas queríamos rock...era nossa insulina...a divina morfina...era uma fonte de energia...quase nuclear que nutria nossos corpos...era rock...o refúgio mais feliz...ali eramos grandes Titãs,deuses,demônios,guerreiros,monstros,reis e rainhas em uma grande batalha por rock....fazia o sangue ferver...precisávamos disso...precisamos disso....foi triste ver o grande coliseu profano do rock demolido no chão...mas continua o rock baby!

As guerreiras Amazonas

Desciam do norte...como raios e trovões...
...cavalgando sobre as nuvens.
Valentes mulheres...lindas guerreiras...
...fortes tranças...longas madeixas...

Agressividade nas batalhas...femininas no olhar...   
...e ao patriarcado machista...
...nunca iriam se curvar.

Impasse Mexicano

Perdidos...com dúvidas,em uma encruzilhada sem saída.
Acelere garota,você nunca tem tempo...
Sempre rápida demais...a milhas...
...e milhas de onde perdemos tudo.
Mas encontramos muito mais à frente;
Como catar migalhas de pão que marcam o caminho de volta.
Parou para apreciar a beleza do abismo que começa em mim;
Mas eu acelerei para dentro desse abismo que termina em você.
Agora já não sabemos mais...
Se aceleramos ou esperamos.
Emparelhados,fitando as estrelas...
  ...já não podemos fazer milagres..
...só amor."