terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Um pouco de skate

1950

O skate nasceu na Califórnia, por volta do ano de 1950. Os surfistas queriam arrumar alguma coisa para fazer quando o mar estava sem ondas, então surgiu a ideia de pegar pranchas de madeira e colocar algumas rodinhas de patins embaixo. 
No início, o esporte era chamado de surfe de calçada e, em muito pouco tempo, se espalhou por todo os Estados Unidos. O primeiro skate fabricado e comercializado em série foi o Roller Derby em 1959. Até então o skate era apenas visto como uma coisa divertida para se fazer depois de surfar.  

1960
No ano de 1963, além da oficialização do esporte como Skateboarding, foi realizada a primeira competição da modalidade em Hermosa Beach, Califórnia, vencida por Larry Stevenson. Depois desse evento, foram vendidos mais de 50 milhões de carrinhos em todo o mundo.
Torger Johnson, Woody Woodward and Danny Berer eram alguns dos principais nomes da época, onde as modalidades eram basicamente o Downhill, o Slalom e o Freestyle.

1970
Uma grande seca atingiu a Califórnia no começo da década de 70, e foi daí que nasceu o skate Vertical. Piscinas foram esvaziadas e os skatistas descobriram que as paredes lembravam as transições das ondas.
Foi também nessa década que o skate começou a evoluir. Larry Stevenson inventou o tail, o que ajudou a melhorar o equilibrio e as manobras. Em 1972, o surfista Frank Nashworthy inventou as rodinhas de uretano, tornando o skate muito mais veloz. Antes, as mesmas eram feitas de ferro ou de um tipo de plástico duro, que eram muito escorregadias e inseguras.
Três anos depois, em 1975, na cidade de Del Mar, também no Estado Dourado, aconteceu a primeira competição de slalom e freestyle. Foi aí que os garotos do Zephyr Team (os Z-boys Jay Adams, Sid, Stacy Peralta, Tony Alva, Shogo Kubo, Bob Biniak, Nathan Pratt, Jim Muir, Allen Sarlo, Chris Cahill, Paul Constantineau, Peggy Oki e Wentzle Ruml) mostraram a verdadeira potência do skate para o mundo.  
Alan Gelfand inventou o Ollie, em 1978, outro grande salto (literalmente) na história do skate. O título da manobra foi dado em homenagem a Alan, que era carinhosamente apelidado de Ollie, por seus amigos e familiares. O feito foi tão significativo, que, em 2002, Gelfand entrou para o Hall da Fama do esporte.



1980
Foi nessa década que surgiram Rodney Mullen e Tony Hawk. Mullen foi responsável por 39 manobras, como kickflip, heelflip, hardflip, casper, darkslide, rockslide, entre outras. Tony inovou o Skate no Half Vertical, sempre ultrapassando limites nas manobras. 
O audio visual passou a fazer parte do skate também durante os anos 80. Com a invenção do VCR, crianças de todo o mundo passaram a registrar suas sessões em cima dos carrinhos.
Stacey Peralta and George Powell se juntaram e criaram o coletivo Bones Brigade, com inúmeros jovens talentos, como Steve CaballeroTony HawkMike McGill, Lance Mountain, Rodney Mullen, Stacy Peralta, and Kevin Staab. Stacey tinha facilidade para as filmagens e, em 1984, filmou o primeiro vídeo de uma série revolucionária, o Bones Brigade Video Show.

1990
A partir dos anos 90, os brasileiros começaram a ter destaque internacional nas grandes competições. O primeiro a escrever seu nome no cenário foi Bob Burnquist, que além de se tornar campeão diversar vezes, também inventou o switch. Um jeito novo de andar de skate, com as bases dos pés trocadas.
Nessa época o street era uma das modalidades mais fortes. As manobras evoluiram e ficaram bem mais diversificadas. 

domingo, 19 de fevereiro de 2017

MY NAME IS NOW, ELZA SOARES

 Um filme de Elizabete Martins Campos




My Name is Now, Elza Soares é mais do que um documentário, é uma experimentação estética que busca compreender esse fenômeno através de imagens e de um depoimento forte direto para a câmera. 

Elza Soares é mais do que uma cantora brasileira. É uma força traduzida em uma voz única. É povo e é artista que sofreu de todas as forças e também se reergueu a cada instante.



Elza chega em casa, em Copacabana, e cara a cara, diante do espelho, nos desafia numa saga que ultrapassa o tempo, explosões, pedreiras, lama, preconceitos, perseguições, perdas. Mas, ela é dura na queda: num rito, nua e crua, ao mesmo tempo frágil e forte, real e sobrenatural, uma fênix que transcende em música e canta gloriosa, em My Name is Now. Um filme com a cantora, compositora, atriz, Elza Soares.

MY NAME IS NOW, ELZA SOARES.

Argumento, Direção e Produção
Elizabete Martins Campos


Trailer:




sábado, 18 de fevereiro de 2017

A lista dos 8 desafios de Yukio Ozaki

 Ensinamentos para se unir com a natureza.

Ozaki foi um Eco-guerrilheiro japonês,que cumpriu 3 desses desafios,e acreditava que quem cumprisse de forma correta se integraria com a natureza,se tornando um com ela,alcançando o tão sonhado Nirvana.Esse desafio honra as forças essenciais da terra.é um acordar para a beleza do nosso planeta,temos que doar mais do que só receber.

                                     
                                             Esteja Pronto para se libertar!




Ozaki,os 8 desafios:


1 – Força Emergente –
Corredeiras Inga do rio congo.
 2 – Nascimento do Céu – Salto de Base-
Everest
 3 – Despertar Terra –
Caverna das Andorinhas,San Luis Potosí,no México. 
 4 – Vida da Água – Surf-
Costa Francesa.
 5 – Vida do Vento – 
Walenstadt Suíça.
6 – Vida de gelo – 
Colúmbia Britânica.
 7 – Mestre de Seis Vidas –
Salto Ángel Venezuela.
  8 – Ato de Confiança Final –
Salto Ángel Venezuela



                           Ele é citado no remake do filme caçadores de emoções(2015):
















Tatanka yatanka – Touro Sentado – Chefe sioux

        Símbolo da resistência, Sitting Bull, seu nome em inglês, foi responsável por eliminar grande parte da tropa do general George Custer em 1876, na batalha de Little Bighorn.

Carta do Chefe Sioux TOURO SENTADO ao presidente dos EUA em 1855


 “O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”

“Quando a última árvore for cortada, quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles verão que dinheiro não se come…”


Enterrem Meu Coração na Curva do Rio' é o relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Soiux, Cheyenne e outras contarem com suas próprias palavras sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e rompimentos de acordos. Todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Publicado originalmente em 1970. Com esta obra , Dee Brown, especialista em história norte-americana, buscou mudar o modo do mundo ver a conquista do Velho Oeste e a história do extermínio dos peles-vermelhas.


Download:


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Krishnacore

Com um estilo de vida que visava à abstenção de vícios, vegetarianismo, direitos animais e anti-capitalismo, me parece natural que algum tipo de despertar de consciência espiritual viesse consequentemente. E foi o que aconteceu. Não demorou muito até que Ray Cappo se convertesse ao movimento Hare Krishna (que é associado ao Hinduísmo) e passasse tais ensinamentos por sua música. Ao sair de sua antiga banda, a Youth of Today (que, aliás, foi a grande responsável pela inclusão do vegetarianismo na cena sXe) fundou o Shelter ao lado do guitarrista Vic Dicara.

Que introdução! Pela primeira vez os ensinamentos Védicos viriam a ser usados direta e assumidamente nas músicas do gênero. Desde o tema das letras, até o uso mais descarado da arte Hare Krishna dos encartes, assim como trechos de mantras, como é o caso da música acima.
Muita gente nota certa semelhança entre o estilo dos vocais de Ray Cappo e Zack de La Rocha. De fato, antes de se unirem sob o Shelter (perdoem o trocadilho), o guitarrista fazia parte de outra banda, Inside Out, ao lado do famoso ativista. Após a dissolução, Dicara formou Shelter ao lado de Cappo, enquanto Zack de La Rocha viria a formar a mundialmente famosa Rage Against the Machine.
Dicara foi uma figura muito importante. Com o fim da Inside Out, que viria a dar origem ao Rage Against the Machine, e após ser influenciado pelos ideais Védicos dos Hare Krishna por conta de Ray Cappo no Shelter, formou a sua própria banda, 108 (nome que é uma provável referência aos 108 nomes dos deuses Hindus).
Com muito mais influências do Metal do que o Hardcore melódico da antecessora, que usa os ensinamentos Hare Krishna como background poético para suas letras, 108 acabou se tornando muito mais radical e doutrinária. Por exemplo, enquanto o Shelter usa em sua música mais famosa, Here We Go, as letras “Just see he uses love for sex, and sure she uses sex for love [...] If we place a blindfold on our eyes, iron and gold appear the same", 108 poupa os rodeios e passa suas crenças nos ensinamentos de forma direta pelas letras bradando em sua Thorn: "sex is suffering!"
O cenário estava armado e o terreno propício para uma série de outras bandas aparecerem: desde os veteranos dos Cro-Mags, até as bandas (sim, ainda tem mais) influenciadas pro Vic Dicara como Prema, os nomes se estendem à ótimos projetos como Worlds Collide, Govinda Hardcore Project e Baby Gopal.
Ray Cappo se tornou instrutor de Yoga e Vic Dicara astrólogo védico, o que é quase um clichê. De qualquer modo, foram os grandes responsáveis por expor um cenário muito específico e diverso do que acontecia na cena musical de sua época, e assim expandir os horizontes de muita gente jovem de modo um pouco mais profundo, para além da revolta do Hardcore habitual. Independentemente dos méritos (ou da falta deles, não vem ao caso) de suas religiões específicas, aí está uma atitude muito interessante (mesmo pra quem não se identifica com seus ideais) que sobrevive até hoje...
Hare hare!

Straight Edge


Em suas origens, o Straight Edge, ainda um pouco distante de se tornar uma filosofia para a cena da época, era apenas um estilo de vida defendido pelos integrantes da banda de Washington, Teen Idles, que não eram doutrinários e ainda não pregavam seus ideais através de suas letras. Quando os Teens Idles se dissolveram, os integrantes remanescentes formaram o Minor Threat, o maior expoente do movimento e centro irradiador de todas as ideias. Logo a filosofia de suas músicas começou a proliferar para um grande número de jovens que se identificavam com suas ideias e, em pouco tempo, formou uma cena e um estilo consolidados. Tal qual o cabelo moicano dos punks, o principal símbolo o Straight Edge era o X preto, geralmente utilizado na mão. Duas linhas retas que formam quatro ângulos retos. Os principais pontos de sua filosofia eram, conforme já dito, a abstenção total do uso de drogas, que logo evoluiu para outros tipos de vícios, como o consumo de carne e a prática do sexo casual, chegando ao uso da cafeína e remédios alopáticos. Ah sim, enquanto muitos punks faziam parte de gangues de rua e mantinham um estilo de vida violento (veja a própria história do punk aqui em São Paulo na década de 80, os Straight Edge eram, em sua grande maioria, adeptos da não-violencia.

O movimento foi muito amplo, embora sempre tenha permanecido na cena underground, e resiste até hoje. Outros grandes nomes são State of Alert, Youth of Today, e The Faith. A lista, na verdade, é gigantesca, e, com certeza, ainda existem muitas bandas atuais que mantenham o mesmo estilo de vida e defendam o estilo musical. Não é minha intenção falar sobre eles aqui, e eu não seria capaz de fazê-lo com fidelidade. Muitas destas atitudes estão hoje em dia naturalmente incorporadas pela cena Hardcore, veja o movimento da Verdurada de São Paulo, por exemplo. Enfim, vou me limitar à origem e explosão da cena em sua época. Pra continuar, vamos falar um pouco mais sobre uma sub-vertente ainda mais curiosa, o Krishnacore.

STRAIGHT EDGE E KRISHNACORE


Jovens pregavam uma vida livre dos vícios por meio do Hardcore




O movimento Punk e o Hardcore são facilmente associados, por conta de sua origem, a um estilo de vida desregrado, anárquico e rebelde, e, por isso mesmo, remetem a todos os tipos de uso (e abuso) de, digamos assim, substâncias prejudiciais. Se é que você me entende. Ambos evocam um modo agressivo de lidar com a vida, que envolve todas as esferas, desde a ingestão de todo tipo de comidas e bebidas, o uso de drogas, até a maneira como você se relaciona com as pessoas à sua volta, e enfim, com o mundo.
Todavia, na contracultura desta contracultura, surgiu, no final da década de 70 e início dos anos 80, um estilo que, apesar de ter suas raízes musicais compartilhadas (ou seja, faziam o mesmo uso dos riffs rápidos de guitarras distorcidas e vocais gritados) levavam seu estilo de vida no sentido oposto. Essa nova vertente preferia abster-se do uso de qualquer tipo de droga (tudo, na verdade, começou com o álcool, mas explico melhor depois), postura o que levou, consequentemente, a um questionamento mais amplo, pondo em cheque a adoção de qualquer hábito que poderia ser visto como “vício” em determinado nível, como por exemplo, o consumo de carne e a prática do sexo casual.
Pode parecer estranho, mas faz sentido. O uso de drogas sempre foi socialmente aceito, e muitas vezes, largamente incentivado pelas grandes corporações. Temos o cigarro e álcool como os maiores expoentes deste exemplo. Porém, enquanto os punks originais viam no abuso destas substancias, e também no uso de drogas pesadas, por assim dizer, uma oportunidade de fuga da realidade opressora do sistema vigente e de choque da sociedade conservadora (já que estamos aqui, vou usar o léxico próprio), a outra vertente via na negação absoluta das normas sociais, seus excessos e hedonismos, a sua forma de resistência e contracultura. Estes segundos, auto defensores do corpo limpo e da consciência lúcida, anti-vícios (e demais padrões auto-destrutivos), eram chamados de Straight Edge.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

PRAIA DA ESTAÇÃO

Herdeira direta dessas movimentações passadas e surgida em 16 de janeiro de 2010, a Praia da Estação é uma proposta de ação direta, festiva e lúdica para ocupar a cidade. Organizada primeiramente sob o pseudônimo coletivo Luther Blissett, posteriormente Ommar Motta. Sempre com o intuito de se organizar de maneira horizontal e auto-organizada. A primeira Praia foi Convocada contra os mandos e desmandos do Prefeito Márcio Lacerda (que havia proibido eventos de qualquer natureza na Praça da Estação, local tradicional de Belo Horizonte) e contra os processos gentrificadores que cidade passava, rapidamente ganhou uma adesão enorme. O evento ainda hoje acontece reunindo milhares de pessoas com roupas de banho, bóias, guarda-sol e um caminhão pipa.
Texto sobre a “A Tradição Praieira Insurgente de Belo Horizonte” do coletivo [conjunto vazio] onde a Praia é inserida em uma longa tradição de outra ações festivas artíticas:https://comjuntovazio.wordpress.com/2011/05/28/tradicao-praiera
Texto crítico do [conjunto vazio] escrito logo após a primeira Praia em 2010 :



LOJA GRÁTIS


Surgida em 2009 diretamente das experiências com a Feira Grátis no D9eMeia (e seu cantinho das dádivas onde era possível pegar e deixar objetos) a Loja Grátis era um espaço localizado no Mercado Novo em uma loja emprestada pela Administração para a criação da mesma. Inspirada nos freeshop era possível pegar produtos sem precisar pagar ou trocar. Por meio de doações a Loja Grátis tinha o intuito de efetuar uma crítica prática a forma-mercadoria e ao dinheiro como mediador universal.


RÁDIO SANTÊ FM


Importante rádio comunitária de Belo Horizonte que contava com diversos programas, que iam da divulgação da música independente da cidade, passando por programas voltados a causa negra, ao anarquismo e também sobre a causa feminista (como o programa “O.B. jetivo”) . A rádio funcionava no bairro em Santa Tereza, funcionando em diversos espaços físicos dentro do bairro, inclusive no Mercado Distrital de Santa Tereza criando uma forte relação comunitária. Um dos primeiros movimentos de radiodifusão publica e livre na cidade, funcionava de maneira autogestionada.
Foi fechada em 2000 pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) por não possuir concessão para funcionamento.
Áudios da ocupação da ANATEL na Rádio Santê:


ENCONTRO LIBERTÁRIO TERRA PRETA


Evento  que aconteceu em agosto/setembro de 2013, na ocupação urbana Guarani Kaiowá (em Contagem – região Metropolitana de Belo Horizonte), com o intuito de reunir anarquistas, libertários,  autonomistas e interessados emvivência libertária e horizontal. 
Durante três dias diversas pessoas de diversas partes do Brasil acamparam na comunidade com debates, oficinas, mesas, sarau, filmes, performance, música, atividades culturais e outras atividades de cunho libertário. A participação era gratuita e a alimentação foi feita de modo coletivo e solidário por todos.






GATO NEGRO


Criado após o Carnaval Revolução em 2002, o Gato Negro
 – Centro (anti)cultural funcionou no Maletta até 2005 com uma vasta programação que incluía vídeos, debates, palestras, oficinas (incluindo de arte urbana e culture jamming) e cursos. Permanentemente qualquer pessoa podia ter acesso à livros, revistas, vídeos e fanzines. Funcionava lá também um café vegano.



O Gato Negro hoje se constitui como um coletivo voltado a causa dos direitos animais e divulgação do veganismo.
Um pequeno texto sobre o espaço:

CARNAVAL REVOLUÇÃO


Criado em 2002 na Mansão Libertina e posteriormente realizado em diversos lugares inusitados (de um hotel no centro a um lava-jato, passando por um sítio e uma escola pública) o evento ocorreu durante 10 anos sempre no período de carnaval com shows, debates, oficinas, apresentações de teatro, performance, palestras.

Constituía como um importantíssimo ponto de encontro de diversos indivíduos e movimentações em todo Brasil afim de discutir, divulgar e vivenciar práticas libertárias.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

ABOLIÇÃO DO TRABALHO - BOB BLACK


Bob Black foi umAnarquista Americano que se posicionava ativistamente contra a corrosão da sociedade. Neste livro ele argumenta o que eu também a muito reforço neste blog, "a inutilidade do trabalho convencional onde um jovem que está acima de um nível artistico cultural estimado tenha que se submeter a controle de pessoas inferiores em todos os sentidos, mas que por necessidade do dinheiro, abandona a arte e se entrega ao escárnio das corporações!".

Só para relembrar o Elogio ao Ócio mais uma vez.
"Existe tanta liberdade numa moderada ditatura desestalinizada como num ordinário local de trabalho Americano. A hierarquia e a disciplina no escritório ou na fábrica é identica aquela que encontramos na prisão ou num convento" Bob Black.

O DIREITO Á PREGUIÇA - PAUL LAFARGUE






O Direito à Preguica é um panfleto político escrito por Paul Lafargue que polemiza com as visões liberaisconservadores e até marxistas do trabalho.
À época, em Paris, a jornada de trabalho superavam as 12 horas diárias (por vezes estendendo-se até à 17 horas). Tal coisa ocorria pois seguia-se a doutrina que dizia que o trabalho era algo dignificante e benéfico.
O panfleto é polêmico pois discute um pecado capital como direito, escolhido de forma proposital como forma de discutir a dominação através da religião, assumindo o trabalhador como uma figura ligada a Deus. Contra essa convicção muito difundida por diversos escritores, Lafargue denuncia a "santificação" do trabalho debochando dele como um "dogma desastroso".